Existem algumas boas práticas no desenho tipográfico que todo/a designer deveria saber. Listamos algumas delas nesse breve texto.

Pontos nos extremos. Esse é o princípio básico de qualquer bom vetor. Além de deixar relação entre as curvas da forma mais suaves e harmônicas, evitando “amassados” na curva, trabalhar com os pontos do vetor nos extremos verticais e horizontais torna o processo de edição mais simples e intuitivo. Ainda existem vantagens de hinting e renderização da fonte em telas que justificam essa técnica de posicionar os pontos nas extremidades da forma.

Imagina ter que mudar a altura da barra horizontal da letra “A” da direta? Vou ter que realinhar toda contraforma acima e a chance de errar é bem alta. Trabalhar com as hastes “soltas” facilita na hora de uma das muitas edições que você certamente fará no desenho da letra. Outro detalhe importante e que agiliza o fluxo de trabalho é o de “abrir o canto” da forma, permitindo editar os segmentos de reta de cada haste separadamente e de forma independente.

Esse é um “erro” bastante comum em iniciantes no desenho de letras: fazer as serifas verticais do mesmo tamanho das horizontais. O espaço vazio presente nessas letras é tão grande em relação às outras, que aumentar as terminações se torna algo natural para equilibrar todo o conjunto de letras. Já o outro detalhe desse exemplo não é tão óbvio. Letras geralmente são vistas pequenas, certo? Por isso, alguns dos detalhes sutis delas precisam ser “encorpados” para que eles fiquem mais visíveis. Como é o caso da ponta das serifas, que geralmente ganham mais um ponto e certa altura em sua extremidade.

Um dos maiores mistérios da letra “X” é que ela não é composta por duas hastes que se cruzam, mas sim por “duas setas opostas mas ligeiramente afastadas”. Essa ausência de continuidade matemática é justamente para parecer visualmente contínuas. Um tanto paradoxal, mas é isso. Esse fenômeno é conhecido como Ilusão de Poggendorff, que segundo o Wikipédia é “uma ilusão ótica geométrica que envolve a percepção equivocada da posição de um segmento de uma linha transversal que foi interrompida pelo contorno de uma estrutura intermediária”. Outro fator importante a se considerar no “X” é que sua base é geralmente maior que o seu topo.

Desenhar letras para uma fonte ou logotipo é estar constantemente equilibrando forma e contraforma, vazio e preenchido, claro e escuro. E essa imagem acima é um claro exemplo disso. Ao deixar o encontro entre as hastes muito preenchido, a leitura dessa forma fica comprometida, o que nos leva a solução de abrir espaço — afinando o encontro e inclinando o segmento da haste vertical — para deixar essa parte da letra melhor demarcada.